quinta-feira, 2 de julho de 2015

Estudantes pesquisam formas de perseguição e violência contra jornalistas


Por Phillippe Watanabe


Foto: Phillippe Watanabe
Um jornalista precisa se acostumar com ameaças e, ao mesmo tempo, entender que uma pauta nunca valerá uma vida. Essa é a opinião unânime entre as fontes ouvidas por um grupo de estudantes da Anhembi-Morumbi para seu trabalho de conclusão de curso.



A reportagem multimídia intitulada "Silenciados", que reúne linguagem acessível, fotos, áudios, vídeos e uma estrutura que dispensa a leitura em sequência, foi tema da mesa "TCC - Silenciados: a violência contra o jornalista no Brasil", nesta quinta-feira (2).

A ideia do trabalho surgiu em meio às manifestações que se alastraram pelo país nos últimos anos. Para o grupo, nas revoltas de junho de 2013 ficou evidente, mais visível e palpável do que nunca, o tratamento baseado em descaso e violência que parte da Polícia Militar direciona para a população em geral e para jornalistas.

"Em momentos trágicos é que começamos a pensar na segurança dos jornalistas. Infelizmente, ganha-se evidência em  tragédias como essas [nas manifestações]", diz Marcos Mortari, um dos seis autores do projeto.

Para o grupo, o tema escolhido toca a todos e  é relevante para a sociedade, não só para os profissionais da comunicação.

Quando se pensava que os exemplos de tais condutas policiais sumiriam do radar por um tempo, manifestações em 2014 trouxeram novamente, de forma impossível de ignorar, ao olhar público os abusos policiais.

Priscila dos Santos Pacheco, uma das realizadoras do trabalho, ressalta que o objetivo do grupo era evidenciar e conscientizar o público leigo sobre o tema da violência contra a imprensa, seja ela praticada pelo braço armado do Estado – ponto que tem destaque na análise, ou pelo crime organizado. 

Segundo Priscila, os leitores se surpreendem com o fato de que jornalistas ainda morrem no exercício da profissão no Brasil. De acordo com as Organizações dos Estados Americanos (OEA), entre 2011 e 2013, 15 jornalistas foram mortos no Brasil.

Outro ponto abordado no projeto foi o suposto glamour dos perigos enfrentados na reportagem investigativa. Os escritores contam que, inclusive, muitos veículos brasileiros já têm adotado técnicas e métodos para tentar evitar exposições de jornalistas aos riscos.

O 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi com o patrocínio do Google, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, Gol, Itaú, Oi, TAM, Twitter e UOL, e apoio da ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Comunique-se, Conspiração, Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil, FAAP, Fórum de Direitos de Acesso à Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center for Journalism in the Americas, OBORÉ Projetos Especiais, Textual e UNESCO. Desde sua 5ª edição, a cobertura oficial é realizada por estudantes do Repórter do Futuro, sob a tutela de coordenadores do Projeto e diretores da Abraji.

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