sábado, 4 de julho de 2015

O jornalismo investigativo pode ajudar o trabalho policial

Por Helena Carvalho Mega

O repórter não autorizou a divulgação da sua imagem
Foto: Isabel Silva
Com perseverança, o jornalismo investigativo pode auxiliar no trabalho policial. Prova disso é o famoso caso do ex-médico Roger Abdelmassih, que foi um dos homens mais procurados do Brasil, preso em agosto de 2014. Após mais de três anos foragido, a sua captura no Paraguai foi fruto de uma cooperação entre jornalistas da TV Record, o Ministério Publico e a Polícia Federal, que trocavam informações a respeito do seu paradeiro.

Um dos principais jornalistas envolvidos no caso foi Leandro Sant'Ana, da Record. No final de 2009, ele estacionou um furgão disfarçado com adesivos de um candidato político na frente da casa de Roger para observar a sua rotina, enquanto o ex-médico respondia ao processo em liberdade. O que se dizia na época era que Roger estava com um problema de saúde, mas Sant'Ana filmou o ex-médico recebendo diversos amigos e circulando em carros de luxo. 

A partir da sua fuga do país em 2011, diversos relatos indicavam que Abdelmassih poderia estar em países como o Líbano, Suiça, França e Estados Unidos. A partir disso, Sant'Ana começou uma nova etapa de apuração, ligando para as pessoas que diziam tê-lo visto, mas a maioria das informações era equivocada. 

Obcecado pela história, Sant'Ana não desistiu da apuração e conversou com algumas das 39 mulheres vítimas de estupro por Roger. Elas tinham diversos documentos e procurações relacionadas ao Roger, que poderiam dar vestígios da localização do ex-médico. Tive acesso a contas telefônicas onde aparecia o código de área de diversos países. Pedia para meus chefes me mandarem para a Europa, mas houve uma reviravolta quando a polícia descobriu uma linha telefônica segura na qual a família Abdelmassih se comunicava no Brasil". 

Sant'Ana e sua equipe de reportagem continuaram rastreando o paradeiro do ex-médico e passaram por locais como a cidade de Jaboticabal, no interior paulista, e a fazenda da família Abdelmassih no interior de Mato Grosso, e, por último, seguiram uma correspondência em Foz do Iguaçu. De lá, chegaram ao Paraguai e com a ajuda de autoridades internacionais, finalmente conseguiram capturar o Roger, que usava boné e tinha raspado o bigode. Não usava, porém, disfarces. "Esse não foi um trabalho que realizei sozinho", conta Sant'Ana. "Estou longe de ser um dos caras mais acadêmicos que existe, mas tenho uma coisa que poucos tem: muita garra e força de vontade. Essa é a maior lição que tiro dessa história toda", afirma o jornalista. 

O 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi com o patrocínio do Google, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, Gol, Itaú, Oi, TAM, Twitter e UOL, e apoio da ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Comunique-se, Conspiração, Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil, FAAP, Fórum de Direitos de Acesso à Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center for Journalism in the Americas, OBORÉ Projetos Especiais, Textual e UNESCO. Desde sua 5ª edição, a cobertura oficial é realizada por estudantes do Repórter do Futuro, sob a tutela de coordenadores do Projeto e diretores da Abraji.


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