sábado, 4 de julho de 2015

"O poder não está na informação, está na informação compartilhada", dizem cineastas

Por Luan Ernesto Duarte

Foto: Beatriz Sanz
A indústria da comunicação tem crescido vertiginosamente e junto com ela surgiram novas formas de comunicar. A cineasta e publicitária Flavia Moraes, vencedora da Palma de Ouro do New York Film Festival, Clio Awards, Cannes Lions International e Fiap, colocou o pé na estrada para entender essas mudanças. Percorrendo redações e agências de inovação no Brasil e no mundo, registrou a opinião de especialistas na área da comunicação. O resultado disso ela apresentou no 10° Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji neste sábado (4).


The Communication (R)evolution é um estudo sobre o futuro da comunicação em forma de projeto multimídia, encomendado pelo grupo RBS. No ano de 2013, durante 12 meses, Flavia conversou com comunicadores, geeks, futuristas, filósofos, pesquisadores, jornalistas, universitários e historiadores para compreender quais são os reflexos dessas mudanças no comportamento dos consumidores e produtores de informação. Com mais de 360 horas de entrevista, esse registro histórico apresenta 11 premissas sobre essa revolução.

O mundo, junto com a comunicação, se reinventa de uma forma diferente, plural, colaborativa e totalmente compartilhada na rede. Com essas novas iniciativas, tem surgido jovens empreendedores, startups, coletivos de jornalismo e outros grupos independentes que estão modificando os paradigmas atuais da comunicação. "O poder não está na informação, está na informação compartilhada", enfatizou Flavia. 

"O projeto nasceu com o intuito de solidificar essa transformação e focar os diversos pontos de vista em mundo cada vez mais plural", explicou. A cineasta reforça a ideia de que é cada vez mais necessário se desprender de certos anacronismos, já que o mundo está sempre se atualizando. O documentário ainda está sendo atualizado e terá mais algumas entrevistas e outras novidades. O conteúdo está totalmente disponível na web, apresentando as novas tendências de comunicação com 11 princípios que a revolução propõe:

#BETRUE
"Transparência é a palavra-chave nos meios de comunicação atualmente", destacou. Atualmente, nada mais é privado e cada vez mais a transparência é demandada nos meios de comunicação. Ser verdadeiro é a primeira característica para viver em uma lógica de rede. 

#BETRUSTED
Ser confiável. No jornalismo, uma palavra a ser repetida exaustivamente é "credibilidade". A premência de ter credibilidade é um dos princípios que regem, não somente o mundo do jornalismo, mas, sobretudo, o mundo da comunicação em geral. 

#BEPART
Flavia ressalta que "o discurso eloquente não é mais aceitável. O poder está na proximidade, na construção do diálogo, no ouvir o outro." O conceito de participação é uma forte tendência nas startups, nas empresas e nos coletivos que trabalham com a interatividade. 

#THINKPLURAL 
A verdade é multifacetada. Existem diversos pontos de vista, o mundo deve conhecer todos os ângulos de uma informação. "Criar condições para um pensamento plural é gerar conceitos abertos", pontou Flavia. 

#THINKMOBILE
Mobilidade. Smartphone, tablets, notebooks. A revolução não está somente na tecnologia, mas está no ideal de interação. 

#BEBETA 
Um conceito encorporado no Vale do Silício, o beta é algo que está sendo sempre atualizado. A lógica beta incentiva a cultura do feedback e pressupõe questionamento, mudança e autocritica. 

#THINKAHEAD
Pensamento à frente é inovação e aprendizado. 

#THINKHIGHER 
Flavia comenta sobre a importância de ter um propósito: "a atitude de pensar alto gera impactos positivos. Eleve o pensamento atribuindo aos seus propósitos significados mais nobres", ressaltou. 

#BECOLLABORATIVE 
Os projetos colaborativos são o resultado dessa transformação. A revolução cultural mudou o mercado de trabalho. Uma das grandes tendências é fazer alianças, criando redes de colaboração operando em rede. 

#BEINTUITIVE
Antes da inteligência virtual, vem a intuição artificial. "Nós, como seres humanos, devemos recuperar a nossa intuição. Nosso pensamento deve ser imediato e menos previsível", salientou. 

#BEUSEFUL 
Utilidade. Flavia finaliza com essa última premissa que "não adianta ser verdadeiro, confiável, participativo, mobile, beta, inovador, colaborador e intuitivo, se não houver utilidade em tudo isso".



O 10º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo é uma realização da Abraji e da Universidade Anhembi Morumbi com o patrocínio do Google, O Globo, Estadão, Folha de S. Paulo, Gol, Itaú, Oi, TAM, Twitter e UOL, e apoio da ABERT (Associação Brasileira de Rádio e Televisão), ANJ (Associação Nacional de Jornais), Comunique-se, Conspiração, Consulado Geral dos Estados Unidos no Brasil, FAAP, Fórum de Direitos de Acesso à Informações Públicas, Jornalistas & Cia., Knight Center for Journalism in the Americas, OBORÉ Projetos Especiais, Textual e UNESCO. Desde sua 5ª edição, a cobertura oficial é realizada por estudantes do Repórter do Futuro, sob a tutela de coordenadores do Projeto e diretores da Abraji.

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